
A origem portuguesa do fado
José Alberto Sardinha defende, no seu estudo sobre a origem do Fado, que este se desenvolveu a partir de um género poético narrativo medieval europeu, inicialmente cantado pelos jograis nos castelos, e depois por músicos mendicantes. Estes músicos eram chamados de ceguinhos, sendo habitualmente músicos cegos, e cantavam o fado enquanto História sobre o destino, o desenlace da vida de alguém.
O Fado nasce do romanceiro tradicional, um canto narrativo tradicional da idade média, que no século XVI contava histórias dos amores e desamores entre reis e rainhas. Mais tarde, no século XVII, músicos ambulantes e jograis cantavam o dia a dia da gente simples.
Estas narrativas passaram, segundo Sardinha, a ser cantadas em feiras e ruas por músicos mendicantes, chamados de ceguinhos por serem habitualmente cegos. Os ceguinhos vendiam folhetos com os poemas que cantavam, e que começaram a ser anunciados como fados, no sentido de vida e seu desenlace que eram os tópicos cantados.
José Alberto Sardinha conta-nos que Lisboa partilhava, até início do século XX, o mesmo substrato cultural com vila, aldeias e cidades do país, e assim, as mesmas práticas musicais. Deste modo, o fado destes músicos ambulantes passou das feiras e ruas para as tabernas de Lisboa, onde atuavam a troco de comida.
Sardinha, J. A. (2010). A origem do fado. Tradisom.